Filha de família pobre, nascida no interior sa França, Grabielle Chanel foi abandonada pelo pai em um abrigo, tão logo sua mãe falecera, quando tinha 6 anos. Sofreu tanto quando criança que, durante toda a sua vida adulta, mentiu sobre seu passado.
“Com Chanel, os relatos sempre divergem. Em parte por que ela era mestre na desinformação (…) ela mentia compulsivamente sobre seu passado, depois mentia sobre ter mentido e depois negava a mentira sobre a mentira.”
As marcas do abandono, da falta da mãe, do desamor do pai, dos difíceis dias no abrigo… tudo isso transformou Coco numa mulher azeda, mal humorada, crítica e competidora. Uma personalidade difícil, complexa, cheia de sombras. Mas que, outrora, era contrastada com um perfil generoso, boêmio, sedutor, divertido e leal.
Doutro lado, a dor lhe ensinou muito, permitindo-lhe ver a vida de um ângulo mais prático, objetivo, sem romantismo, o que refletiu totalmente no seu trabalho como estilista.
As freiras lhe ensinaram a costurar e, com esses aprendizados, iniciou suas criações.
Foi de Chanel o mérito de transformar a moda, usando roupas práticas, confortáveis, leves, tudo tão diferente do que estava em alta na época: vestidos longos, espartilhos que faltavam partir a mulher ao meio e chapéus que chegavam a pesar 15kg.
Ela veio revolucionando, rompendo por completo a modinha feminina de “mulherzinha”. Não entendia porque a mulher se submetia a algo tão desumano e “brega” (como qualificava). E dizia aos quatro ventos: “Tudo que devemos fazer é subtrair”.
Emplacou as calças femininas (item exclusivo do guarda roupa masculino), camisas para mulheres, bijuterias (imitando as joias para parecer chique) e tecidos leves. *”Qualquer coisa que tenha linhas simples, deslize pelo corpo, seja fácil de vestir e permita o uso de muitas joias ou semi joias é Chanel”.
Assim, se você, mulher, estiver vestindo uma calça confortavelmente, reze pela alma da Chanel. Você tem essa dívida com ela. A independência da mulher já foi declarada há 1 século por essa personalidade da moda tão representativa nas conquistas femininas. Honre-a.
* Trechos transcritos do livro O EVANGELHO DE COCO CHANEL